O Dia da Terra (Earth Day) oferece-nos uma oportunidade para reflectirmos sobre como nos relacionamos e interagimos com o planeta. Sem dúvida que a saúde do planeta e dos seus habitantes nunca foi tão importante como agora.

Após a actual “quarentena”, conseguimos ver como de modo geral, estamos todos mais predispostos para uma maior apreciação da natureza. Vimos também algumas melhorias nos níveis de poluição. De um modo geral, começámos a questionar o nosso impacto na Terra e com que urgência precisamos de agir para que haja uma mudança significativa.

Apresenta-se agora uma janela aberta de oportunidades. Oportunidade para considerar o que podemos fazer a nível individual para mudar o mundo em que vivemos. Não se trata mais do "outro" ou do “vizinho”. Agora é o momento para TODOS agirmos!

“O veganismo é simplesmente a maior maneira de reduzir nosso impacto ambiental no planeta” conforme um recente segundo estudo da Universidade de Oxford

Quantas vezes já lemos esta frase sem realmente entender como uma dieta e estilo de vida veganos podem impactar a nossa vida na Terra?

Cada um de nós causa um impacto ambiental na Terra e o nosso estilo de vida afecta a qualidade desse impacto. O mesmo estudo mencionado em cima, demonstrou como várias indústrias agrícolas afectam o meio ambiente de três maneiras diferentes: poluição da água, poluição do ar e emissões de mudanças climáticas.

Mas como a nível pessoal estamos envolvidos com as praticas destas industrias?

Quais são as mudanças de estilo de vida mais impactantes e favoráveis ao meio ambiente que podemos começar a fazer já hoje?

Tente reduzir o consumo de carne! 

Quais os principais benefícios dessa escolha?

  1. Redução das emissões de gases de efeito estufa - um indivíduo pode reduzir sua pegada de carbono em até 73%, simplesmente por cortar completamente da sua alimentação a carne e os lacticínios. Isso tem um impacto muito maior do que escolher um veículo eléctrico ou reduzir o numero das nossas viagens aéreas.
  2. Preservação de habitats e espécies e diminuição do desmatamento - comer animais é o maior contribuinte em perda de habitat e extinção em massa de espécies. A produção de carne requer grandes quantidades de terreno para a criação de animais. A cada segundo, uma área de floresta equivalente a um campo de futebol é limpa para criar e pastar animais. Estima-se que o consumo de carne exija três vezes mais terreno do que o necessário para uma dieta de base vegetal.
  3. Conservação de água – as nossas escolhas alimentares podem ter um grande impacto na demanda de água. Ao contrário da maioria dos alimentos à base de plantas, a criação de animais requer grandes quantidades de água. Isso deve-se devido às elevadas necessidades e água exigidas na criação de animais – quer seja agua para beber, lavar, limpar seus espaços e se refrescarem durante períodos mais quentes.

Que outras acções podemos tomar desde já para minimizar o nosso impacto numa base individual?

  1. Optimize a sua casa – caso possível opte por instalações de painéis solares e, em a um nível mais imediato, verifique se sua casa está bem isolada.
  2. Conduza menos, ande mais de bicicleta ou use veículos eléctricos - se mora numa cidade, não há motivo para não usar os transportes disponíveis ou considere as opções de car-sharing. Caso more em áreas mais rurais, talvez um veículo eléctrico possa ser uma melhor opção ou recorra a comboios para se deslocar a maiores distancias.
  3. Coma local e da estação do ano - pense em quantos quilómetros a comida viajou até chegar ao seu prato? Ao optar por comprar alimentos cultivados localmente, irá apoiar uma economia alimentar diversificada. Além disso, quanto mais os alimentos tiverem viajado, especialmente caso estejamos a falar de alimentos refrigerados ou congeladas, mais energia será necessária para os fazer chegar à sua mesa. Os alimentos produzidos localmente passam muito menos tempo em trânsito do que os produtos de origem global. Alem disso, os produtos locais são mais frescos e retém mais nutrientes e sabor.
  4. Compre em segunda mão e evite a “Fast Fashion”- embora seja difícil fazer um cálculo exacto da quantidade de carbono economizado na compra de roupas ou artigos em segunda mão em comparação com a compra de artigos novos, estender a vida média das roupas em apenas três meses, até dois anos, resultaria numa redução de 5 a 10% na sua pegada ambiental. Vale ou não a pena considerar?
  5. Reduzir e reutilizar: modere o seu apetite pelo consumismo - além das roupas, qualquer nova compra vem com um custo na pegada ambiental. Reutilizar e reduzir devem estar na base da sua ideologia para uma vida mais sustentável. A reciclagem só por si é limada e não é de longe a melhor solução.

Precisamos da natureza agora mais do que nunca, como uma solução e como um recurso. Certamente, ajustes individuais só podem ir tão longe quanto possível, e a responsabilidade maior deve recair sobre as indústrias para conter a poluição, bem como os governos que devem tomem acções urgentes e radicais para reduzir a nossa dependência de combustíveis fósseis, entre outros. Contudo, as nossas escolhas individuais são a melhor maneira de começar a mudar o sistema para um futuro mais sustentável.

Vamos olhar em frente para todas as oportunidades de fazer a diferença e emergir dessa pandemia com soluções mais frutíferas para o planeta.


Fontes de pesquisa:

https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987 

https://www.vegansociety.com/go-vegan/environment 

https://veganuary.com/why/environment/youll-save-water/ 

https://www.theguardian.com/environment/2020/apr/22/earth-day-2020-could-mark-the-year-we-stop-taking-the-planet-for-granted-aoe